Lei de Ohm
A
Lei de Ohm, assim designada em homenagem ao seu formulador, o físico alemão
Georg Simon Ohm (1787-1854), afirma que, para um condutor mantido à temperatura constante, a razão entre a
tensão entre dois pontos e a
corrente elétrica é constante. Essa constante é denominada de
resistência elétrica.
1
Primeira lei de Ohm
Quando essa lei é verdadeira num determinado condutor mantido à temperatura constante, este denomina-se
condutor ôhmico. A
resistência de um dispositivo condutor é dada pela fórmula:

ou

onde:
é a diferença de potencial elétrico (ou tensão, ou ddp) medida em volt (V);
é a intensidade da corrente elétrica medida em ampère (A) e
é a resistência elétrica medida em ohm (Ω).
Essa expressão não depende da natureza de tal condutor: ela é válida
para todos os condutores. Para um dispositivo condutor que obedeça à lei
de Ohm, a diferença de potencial aplicada é proporcional à corrente
elétrica, isto é, a resistência é independente da diferença de potencial
e da corrente. Um dispositivo muito utilizado em aparelhos eletrônicos,
como rádios, televisores e amplificadores, que obedece à essa lei é o
resistor, cuja função é controlar a intensidade de corrente elétrica que passa pelo aparelho.
2
Entretanto, para alguns materiais, por exemplo os
semicondutores, a resistência elétrica não é constante, mesmo que a temperatura seja, ela depende da diferença de potencial

. Estes são denominados
condutores não ôhmicos. Um exemplo de componente eletrônico que não obedece à lei de Ohm é o
diodo.
Interpretação da resistência elétrica
A resistência elétrica pode ser entendida como a dificuldade de se
estabelecer uma corrente elétrica num determinado condutor. Por exemplo,
um fio de
nicromo precisa ser submetido à uma diferença de potencial de 300V para que seja estabelecida uma corrente de 1A, enquanto um fio de
tungstênio
precisa ser submetido à apenas 15V para que nele se estabeleça a mesma
corrente. Isto significa que a resistência elétrica do nicromo é maior
do que a do tungstênio:
3


Segunda lei de Ohm
A segunda lei de Ohm diz que a resistência elétrica de um condutor
homogêneo e de seção transversal constante é proporcional ao seu
comprimento

, inversamente proporcional à sua área transversal

e depende da temperatura e do material de que é feito o condutor:
3

A grandeza

chama-se
resistividade elétrica e é característica do material e da temperatura. Sua unidade de medida é o ohm-metro (

m). Ela é inversamente proporcional condutividade elétrica

.
Formulação microscópica
Em um condutor metálico isolado, os
elétrons
estão num estado de movimento aleatório, não apresentando deslocamente
preferencial, em média, em nenhuma direção. Se este condutor tem seus
terminais ligados aos de uma bateria, um campo elétrico

é criado em todos os pontos no interior do condutor e atua sobre os
elétrons de forma a produzir um movimento de arrasto, que é a corrente
elétrica. Em condutores ôhmicos, o vetor
densidade de corrente elétrica 
, cujo módulo é igual à corrente elétrica dividida pela área de seção transversal,

(quando a corrente é uniformemente distribuída pelo condutor), é proporcional ao campo elétrico
4 . O fator de proporcionalidade entre a densidade de corrente e o campo elétrico é a
condutividade elétrica 
:

Esta é a relação microscópica equivalente à relação macroscópica

. Pode-se dizer também que um material condutor obedece à lei de Ohm se a condutividade

for independente de

e de

.
A unidade de medida da condutividade é o
siemens por metro (S/m). Materiais que conduzem melhor a corrente elétrica são aqueles que possuem os valores mais altos de

. A
prata, o
cobre e o
alumínio, por exemplo, são bons condutores, enquanto a
mica e o
vidro são maus condutores
1 .
A relação macroscópica da lei de Ohm a partir da relação microscópica
Fio de comprimento l e área transversal a percorrido por uma corrente elétrica I na presença de um campo elétrico E.
A relação macroscópica

pode ser obtida da relação microscópica

a partir do seguinte exemplo
5 .
Considere um segmento de fio condutor de comprimento

e seção reta

, com uma corrente

.
Para que o campo elétrico não varie apreciavelmente, o segmento do fio
deve ser muito pequeno. Sendo o campo elétrico dirigido da esquerda para
a direita, o potencial é mais baixo neste lado do que no outro, de
forma que se tem

onde

é o módulo do campo elétrico. A corrente no condutor é igual ao produto da densidade de corrente pela área de seção reta:

onde usou-se a lei de Ohm na forma microscópica na passagem anterior. Sendo assim,

substituindo

por

, obtém-se

A expressão entre parênteses pode ser definida como

e, então, obtém-se a relação

Variação da resistividade com a temperatura
Nos
metais,
os elétrons da última camada eletrônica estão fracamente ligados a
átomos individuais, podendo mover-se livremente. Quando a temperatura
aumenta, a amplitude do movimento dos
íons da
rede cristalina
também aumenta, o que dificulta a locomoção dos elétrons livres. Em
outras palavras, isto quer dizer que a resistividade aumenta com a
temperatura. Para uma ampla gama de substâncias, esse aumento é linear,
dentro de uma larga faixa de temperaturas. Isto pode ser descrito pela
seguinte equação
6 :
![\rho = \rho_{0}[{1} + {\alpha \,(T - T_{0})}]](http://upload.wikimedia.org/math/7/7/1/77197eda287c59863afa9456e745e531.png)
onde:
é a resistividade à temperatura
,
é a resistividade à temperatura
e
é o coeficiente de temperatura da resistividade e é positivo para os metais.
Nos semicondutores a resistividade diminui com o aumento da
temperatura. Isto acontece, porque as flutuações térmicas a altas
temperaturas provocam a promoção de elétrons ligados a transportadores
de carga livres
3 .
A resistividade de alguns condutores desaparece bruscamente abaixo de
uma temperatura crítica, quando estes são resfriados, podendo manter
uma corrente por muito tempo sem necessidade do uso de baterias. Esse
fenômeno é chamado de
supercondutividade e foi divulgado pela primeira vez em 1911 pelo físico holandês
Heike Kamerlingh Onnes 2 .
Modelo microscópico clássico para a condutividade elétrica de metais
Em um metal, os elétrons que não estão presos aos átomos e podem movimentar-se livremente são chamados elétrons de condução
4 . Classicamente, a
velocidade quadrática média de agitação térmica dos elétrons à temperatura

pode ser estimada via
Teorema da equipartição 6 :


Ou seja,

Nesta equação
é o valor médio do quadrado da velocidade dos elétrons devido a agitação térmica,
é a massa do elétron e
é a constante de Boltzmann.
Na ausência de um campo elétrico externo, o movimento dos elétrons no
metal é caótico e o valor da velocidade de agitação térmica obtido
mostra que esse movimento é muito rápido. Entretanto, se um campo
elétrico externo constante é aplicado, os elétrons passam a se deslocar,
em velocidade muitíssimo pequena, na direção oposta a do campo, devido à
sua carga negativa. Consequentemente, eles experimentam uma aceleração

devido à força elétrica

, onde

é a
carga do elétron em módulo. De acordo com a
segunda lei de Newton,

ou

onde
é a aceleração do elétron.
À primeira vista, parece que, como as cargas estão sendo aceleradas, a
corrente está aumentando com o tempo, e a lei de Ohm afirma que um
campo elétrico constante produz uma corrente constante, o que implica
uma velocidade constante. Isto parece contradizer o argumento anterior
7 .
Entretanto, as frequentes colisões dos elétrons que acontecem ao
longo do fio fazem com que eles sofram desaceleração. Desta forma, mesmo
que eles estejam se acelerando entre as colisões, o resultado global é
uma velocidade média constante. Após uma colisão, essa velocidade varia
em média de

, em que

é o tempo médio entre duas colisões, representado por

e

é a distância média percorrida pelo elétron entre duas colisões, conhecida como
livre caminho médio.
O valor médio da velocidade devida a ação do campo elétrico será dada, então, por

A velocidade

pode ser expressa em termos da densidade de corrente elétrica

:

onde

é o número de elétrons livres por unidade de volume e o sinal de menos é
devido ao fato de que as cargas em movimento são negativas. Igualando
este resultado ao anterior, obtém-se

ou

em que vê-se que a densidade de corrente induzida

é proporcional ao campo elétrico

, assim como na lei de Ohm. Entretanto, não se pode afirmar que a quantidade

seja um bom modelo para a condutividade elétrica de metais, já que a
dedução apresentada aqui foi baseada em argumentos puramente clássicos.
Por exemplo, experiências mostram que a altas temperaturas, a
resistividade elétrica desses materiais varia linearmente com a
temperatura e o modelo aqui apresentado implica numa variação
proporcional a

devido ao termo

no denominador da expressão anterior. Ainda assim, o modelo clássico de
movimento de arrasto na presença de campo elétrico superposto ao
movimento aleatório térmico devido a colisões com átomos do material,
conhecido como
modelo de Drude,
apresenta os ingredientes básicos que definem a condutividade. Um
tratamento adequado para o problema da condutividade elétrica em metais é
dado pela
Mecânica Quântica.
Potência dissipada num resistor
Quando um
resistor é percorrido por uma corrente elétrica

, devida a uma tensão

fornecida por uma fonte de energia, ele se aquece. Esse aquecimento, chamado de
efeito Joule,
é resultado da transformação da energia que vem da fonte em energia
térmica no resistor. A energia transformada em calor por unidade de
tempo é a
potência dissipada
2 e é calculada pela equação

A unidade de medida da potência é o
watt (W).
Usando

, obtém-se

Outra relação envolvendo potência e resistência elétrica também pode ser obtida usando

:

Por terem essa finalidade de transformar energia elétrica em energia
térmica, os resistores também estão presentes nos aquecedores elétricos
de ambiente, nos chuveiros elétricos, nos ferros elétricos de passar
roupa, nos soldadores elétricos etc
3 .
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